"Hegel observa em uma de suas obras que todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes. E esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa". Karl Marx, O 18 Brumário de Luís Bonaparte
Nas décadas de 1950 e 1960, a direita brasileira se agrupou na UDN (União Democrática Nacional), partido de ideologia liberal-conservadora que considerava "perigosas" para o establishment oligárquico as políticas do varguismo de favorer os setores mais pobres da população. Os udenistas alegavam que tais práticas levavam ao descalabro no trato da coisa pública, adotando em contraposição um discurso moralista e, frequentemente, golpista. Eram as "vivandeiras alvoroçadas que vêm aos bivaques bolir com os granadeiros e provocar as extravagâncias do poder militar", segundo a gongórica e insuspeita definição do marechal Castello Branco. A ação da UDN resultou em duas tragédias: a primeira, o suicídio de Vargas, voltou-se contra eles mesmos; a segunda, o golpe de Estado de 1964, mergulhou o país num período de trevas que perdurou por 21 anos.
Depois da ascensão de Lula ao poder, mas principalmente depois do mensalão, tucanos e os demos tentaram repaginar o surrado discurso udenista ("pequeno-burguês", diriam os marxistas). Posaram de vestais. Ninguém os levou a sério, exceto, talvez, os leitores da Veja. Então, veio o "mensalão mineiro" - na verdade, tucano - mas eles continuaram a se fazer de arautos da moralidade. Agora, quando explodiu o escândalo do governador José Roberto Arruda (ex-tucano, atual DEM), caiu de vez a máscara dos falsos moralistas. E esse escândalo é uma Caixa de Pandora que ameaça espalhar merda no ventilador de outros líderes da oposição. Então, como felizmente não existem mais bivaques nem granadeiros, resta-nos a farsa das viúvas da UDN...
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