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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

O DIA EM QUE A ESPANHA TREMEU


Tejero Molina, o tenente-coronel golpista e fanfarrão

E já que estamos falando de efemérides, passou completamente em branco aqui no Brasil os 30 anos da tentativa de golpe militar ocorrida na Espanha em 23 de fevereiro de 1981, lá conhecido como 23F. Na época a Espanha vivia um processo de transição para a democracia, depois de 36 anos de ditadura franquista. Como pano de fundo, uma grave crise econômica açoitava o país. Setores significativos das Forças Armadas se opunham ao desmonte do franquismo comandado pelo primeiro-ministro Adolfo Suárez. A legalização do Partido Comunista, em 1977, por exemplo, causou forte comoção no Exército.

O golpe foi articulado pelos generais Jaime Milans del Bosch e Alfonso Armada e executado por um fanfarrão, o tenente-coronel Tejero Molina, da Guarda Civil, que fizera uma tentativa de quartelada três anos antes. Esse sujeito invadiu as Cortes (Parlamento) com vários soldados da Guarda Civil no dia em que seria votada a substituição do primeiro-ministro Adolfo Suárez. As cenas são impagáveis: com a pistola na mão, Tejero grita, gesticula e ordena a todos os deputados que se abaixem no chão. O vice-presidente do governo, general Gutierrez Mellado, valendo-se de sua patente, repreende Molina e exige que os soldados deponham as armas. Os soldados respondem com tiros. Mellina fica em pé, enquanto o premiê Adolfo Suárez e Santiago Carrillo, líder do Partido Comunista, são os únicos deputados a permanecer sentados. Enquanto isso, o general Milans del Bosch sublevava-se em Valência.

O rei Juan Carlos I exige respeito à democracia
A atitude firme do rei Juan Carlos I - que fora escolhido por Franco para sucedê-lo e por isso pesavam dúvidas sobre sua lealdade à democracia - foi fundamental para o fracasso do golpe. Em uniforme militar de capitão-geral dos Exércitos - ou seja, comandante-em-chefe das Forças Armadas - chamou os militares à ordem, desautorizou-os e exigiu respeito à Constituição democrática aprovada em referendo pelo povo espanhol. Foi o golpe no golpe, já que os golpistas diziam estar agindo em nome da monarquia e dos "valores eternos" da Espanha franquista. O rei lhes puxou o tapete e o golpe fracassou. A experiência uniu os partidos democráticos de centro, direita e esquerda na tarefa de consolidar a transição à democracia. E Juan Carlos se legitimou como monarca. A tal ponto que socialistas e comunistas, historicamente republicanos - na guerra civil espanhola, a esquerda era republicana e a direita, monárquica - se converteram à monarquia...

O 23F

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